Já não me domino.
Nem a vida em minha volta,
nem a tarde que se solta,
nem tão pouco as horas...
Nada me obedece.
Meu lápis,
outrora passivo
e agora animado...
vai e vem sem crivo
no papel desbotado.
E eu,
que resmungava de tudo,
me pego a dançar mudo
e a sorrir na tua rua,
na esperança nua
de te ver na janela.
E você... à espreita,
no fim da tarde perfeita
se confunde no horizonte
a despencar além do monte,
e gargalha do meu desejar.
E assim,
sem piedade de mim,
como vil e sem clemência
me revela a transparência
do teu veneno que só há
em teu vestido rosa chá.
Anderson Julio Lobone
Um comentário:
Ai que lindo! Parece valsa, serenata serenada que vem contando um vestido rosa chá.
Magnífico poema, Júlio.
é muito bom!
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