1.
finquei minha bandeira
no beco de Bandeira
: planície longeva onde sobeja
o meu horizonte
onde a paisagem
começa e finda: estanque
entre tantos rasos tanques
e ainda que paisagem
apenas um estro tardio de Portinari
: lençóis e roupas tremulando nos varais
2.
o horizonte distante
(um lugar escondido): norte traído
em desencontros casuais
o horizonte esquecido
atrás da janela: mundo fechado
por uma tramela mordaz
3.
se a vida ainda fosse
uma onda, uma redondilha
o inverso do acaso
diferente partilha
um caso ocluso num mero ocaso
mas a vida é dura
escura e dura
a vida é de pedra
dura e escusa
o inesperado espinho
que enfim acusa o fim do caminho
4.
(e agora, Drummond de Andrade
onde pouso a pena
que plagia e encena
a tal realidade?)
8 comentários:
Poxa vida, que sensacional! Que inspirado, que coisa mais feliz esse poema... Estou muito contente que finalmente esse poema tenha sido escrito! Muito bom mesmo, amigo! Parabéns.
Também gostei muito!
Adoro diálogos com os grandes poetas.
Magnífico canto de saudade da modernidade. Belo! Fundamental nestes tempos
Por-vir Sur parole
Sans parole
muito bom. gosto dos diálogos com outros poetas também. dessacraliza muitos. os faz descansar mais em paz, tenho certeza.
Bom trabalho, Sidnei!
muito bom mesmo!
ei, deixo uma sugestão
escutem o trabalho deste pianista
é muito bom
www.rodrigoandreiuk.com
: )
Elegante uso das palavras! Belo final, fora do discurso... (falando de dentro para fora ou vice-versa)
gostei muito sidnei!
a língua
sua múltipla singularidade
em efusiva tentativa
de representar a realidade
bravo!
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