quarta-feira, 20 de maio de 2009

Espaço.

Eu carrego para onde as pernas vão
o meu espaço

Não levo no bolso
porque não cabe

Antes de mim
ele já caminha

Só recua
quando estou dobrando a esquina

Chega na frente
e sai depois

Sopra
todo o meu contorno

E como quem tira o pó
da roupa

Afasta
o peso dos outros ombros

Dá folga
para o colar rente ao pescoço

Abre as portas
para o jardim

Prega os olhos
quando vermelhos

Encomenda
o vento que varre a dor

Gira a água
parada

Reconstrói trilhos
descarrilhados


O meu espaço
é a minha extensão.




Julia Duarte.

7 comentários:

Bárbara Bastos disse...

sempre inspirada e inspiradora. adoro.

Beatriz disse...

Poema corpo e como vc sabe falar dele sob trilhos femininos.
não gosto de separar poesia de mulher e de homem mas qdo fala de corpo, aqui, vi um espaço marcado pelo gênero e gostei muito

tenório disse...

Gostei muito! Redondinho!

Assis de Mello disse...

Lindo, Júlia.
Isto foi uma pérola:

Encomenda
o vento que varre a dor


Um beijo,
Chico

Anônimo disse...

vizinha que belo poema, muito bom, gostei muito.

bjs
Flávio

Guto Leite disse...

Que lindo o poema, Júlia! Leve no que é preciso, fundo no que permanece... beleza de poema!

Benny Franklin disse...

Singelo e poético!