Eu carrego para onde as pernas vão
o meu espaço
Não levo no bolso
porque não cabe
Antes de mim
ele já caminha
Só recua
quando estou dobrando a esquina
Chega na frente
e sai depois
Sopra
todo o meu contorno
E como quem tira o pó
da roupa
Afasta
o peso dos outros ombros
Dá folga
para o colar rente ao pescoço
Abre as portas
para o jardim
Prega os olhos
quando vermelhos
Encomenda
o vento que varre a dor
Gira a água
parada
Reconstrói trilhos
descarrilhados
O meu espaço
é a minha extensão.
Julia Duarte.
7 comentários:
sempre inspirada e inspiradora. adoro.
Poema corpo e como vc sabe falar dele sob trilhos femininos.
não gosto de separar poesia de mulher e de homem mas qdo fala de corpo, aqui, vi um espaço marcado pelo gênero e gostei muito
Gostei muito! Redondinho!
Lindo, Júlia.
Isto foi uma pérola:
Encomenda
o vento que varre a dor
Um beijo,
Chico
vizinha que belo poema, muito bom, gostei muito.
bjs
Flávio
Que lindo o poema, Júlia! Leve no que é preciso, fundo no que permanece... beleza de poema!
Singelo e poético!
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