domingo, 3 de maio de 2009

dodecaedro

dizem existir lindos poemas escritos durante a guerra
chamaram esta nossa guerra de particular
em toda parte ela está
guerra pública todos os dias
não vejo os poemas
vejo batidas tribais
podem ser os tambores de guerra
ouço dos corpos na fronteira oeste sul norte leste
vejo armas na TV
cantarolo rodo cotidiano
não existem hordas e a guerra continua
ouço da vida nos morros
dos que perdem a linguagem
ouço os barulhos das paredes
guerra de guerrilha milícias
não existem linhas inimigas que me escondam
este conflito é um dodecaedro
Platão em seus mistérios deve ter dito
quando o povo conhecer o dodecaedro
conhecerá a quintessência
então
seremos mais águias que serpentes

3 comentários:

Beatriz disse...

Que beleza de poema que escuto e como é bom poder escutá-lo!Poema dia repercute esse brado. Acena e encanta!
Muito bom Audemir. Que a linguagem não se perca.

Adriana Riess Karnal disse...

Audemir, há tempos não escutava tua voz...belo poema falando da nossa dor de cada dia.

Barone disse...

Sempre refinado.