É repousar
A mão
Na palavra alheia

É dividir a luz
Nos dentes

Mudar de endereço

Aguardar em qualquer CEP
Sua correspondência

É pregar minutos
Nos dedos

Respirar tempo

Falar no entreletras
Repetir sempre
O mesmo verso

Surpreso

De um autor
Desconhecido

É ser isso
Que não cabe

Recipiente

É isso
Que os cílios conversam

Noites inteiras

A colheita da ternura

A caligrafia
Da delicadeza

Mesmo na letra
Mais sofrida

Minúscula

É abrir mão
Para abrir os braços

É o beijo
No lado oposto

Do próprio rosto

Everton Behenck