É repousar
A mão
Na palavra alheia
É dividir a luz
Nos dentes
Mudar de endereço
Aguardar em qualquer CEP
Sua correspondência
É pregar minutos
Nos dedos
Respirar tempo
Falar no entreletras
Repetir sempre
O mesmo verso
Surpreso
De um autor
Desconhecido
É ser isso
Que não cabe
Recipiente
É isso
Que os cílios conversam
Noites inteiras
A colheita da ternura
A caligrafia
Da delicadeza
Mesmo na letra
Mais sofrida
Minúscula
É abrir mão
Para abrir os braços
É o beijo
No lado oposto
Do próprio rosto
Everton Behenck
5 comentários:
Lirismo comovente.
Obrigado, Everton!
- Henrique Pimenta
lindo demais!
"É o beijo
No lado oposto
Do próprio rosto"
Com essa, você me deixa sem ar, você me cala o verbo e os sentidos. Muito bom, amigo.
Tenório
"É abrir mão
Para abrir os braços
É o beijo
No lado oposto
Do próprio rosto"
Magnífico!
Casei assim mas nem sabia!
Postar um comentário