caramanchão
assim envelheço
de olhar cansado
pro lado do quarto
que já morreu
até a surpresa
jovem mas frágil
de tão enganada
adoeceu
sem ter o cuidado
amadeirado
minha pele farta
se amarrotou
sem ter para onde
ir meu enfado
transformo em destino
cá onde estou
e onde me encontro
ausente de filhos
de netos amigos
de namorar
o que vai comigo
se é que a morte
é ir do destino
a algum lugar
reabro as janelas
e a luz senhora
mais velha do mundo
enlouqueceu
movendo o vestido
não mais acorda
a cor que a poeira
adormeceu
são tantas memórias
andando em volta
a casa esquecida
dos meus avós
velórios alpendres
serões e sótãos
tudo que o tempo
despe de voz
agora envelheço
de vez e por fim
não sei a quem devo
cumprimentar
que sinos são esses
que saudades
eu sinto no corpo
imenso do ar
9 comentários:
Bonito.
Muito bonito. Sereno e forte.
Com linha, o poema é direto.
Limpo
Emociona na medida da elegância
que é marca este poeta
Belíssimo, Guto!
Digno de releituras!
Bonito. Uma faxina na alma.
Que lindo, Guto! Coisa boa ler esse poema! Que ritmo, que sonoro e mais uma vez: que lindo!
Bonito e elegante e poético.
guto, atrasado com fim de mês de assalariado mas presente.
que poema é esse compadre!?
delicado, preciso, limpo.
lindo. imagine o efeito em quem tá chegando aos 50 se queixando vez em quando...
parabéns!
bonito...reflexivo...estonteante...
tanianaodesista
Que coisa mais linda esse poema...
Guto, esse é um dos poemas mais lindos que eu já li!
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