quarta-feira, 8 de abril de 2009

PÉ DE CORES (*)

talvez a emoção acabe
quando a gente se acostuma
a ser um do outro
a ser o que somos.

além da alma
sem fórmula mágica
tem que dar dúvida à partida
ter a necessidade da expectativa
sentir a vontade da esperança
esbarrar na probabilidade do desencontro
saborear a gostosura do encanto
agarrar o paladar da surpresa.

uma pitada de tesão
com um bom bocado de frio na espinha
batidos no coração acelerado da presença.

na descoberta de todo dia
o amor permanece
untado com beijos e abraços,
roçadas providenciais e alegria.

a alma arrepia
a gente se emociona
além da pele
além da conta.


mas...
é tão tarde minha nega, enfim, quando tomamos um chá quente de coragem. ao lado de nós dois, apenas o ar transformado em poeira servindo sorrisos. é preciso celebrar a inteligência, sem subestimar a dor dos dentes e dos cotovelos. entendendo, atentos, mesmo quando tristes, há unhas postas - arranham costas, rasgam a carne suada de tesão, sem serenas palavras soltas.

(*) Só em Itabira (a cidade mais mineira de Minas Gerais) a gente encontra um pé de cores pra roubar flores de um pé de cores, pois é preciso dar flores de um pé de cores pra nossos melhores amores.

4 comentários:

Adriana Godoy disse...

Sempre inesgotáveis os poemas de amor; esse veio cheio de cor e com ar de mineiridade.

Beatriz disse...

Um pé de quê?
qual é a cor da cor?
Além da pele além da conta.

Tião Martins disse...

bacana esse trem desse mineiro.

Marcos Pontes disse...

Cleber, um belíssimo texto, mas prosa em verso, se me permite.