quinta-feira, 2 de abril de 2009

Pastor de Caeiro

Ser um pastor de Caeiro
e viver a vida inteira
de lua.

Ser um pastor de Caeiro,
e viver no mundo da lua.
Uma vida inteira.

12 comentários:

Victor Meira disse...

Quem dera.

Sidnei Olivio disse...

Quem me dera tb.

Anônimo disse...

Não vejo a menor relação entre Caieiro, anti-metafísico, poeta do mundo possível e visível, e esse poeta lunático que não existe. Faltou leitura ou compreensão da obra de Caieiro. Uma pena.

Victor Meira disse...

Anônimo, você é que não entendeu o lunático da poesia da fafi. O mundo da lua é um lugar relativo. Se uma alma se entrega absolutamente aos sentidos, deixando voar a razão, ela não se torna uma alma "de lua"?

Abraço!

A Torre Mágica | Pedro Antônio de Oliveira disse...

Muito obrigado por acompanhar o meu blog.

O seu espaço é maravilhoso! Parabéns!

Um abração.

Pedro Antônio - A TORRE MÁGICA - www.atorremagica.blogspot.com

Felipe Vasconcelos disse...

Caro Anônimo,

Fiquei chocado com sua grosseria. Não creio que ninguém seja obrigado a gostar de um poema (eu mesmo raramente gosto de um, apesar de adorar poesia), mas não vejo como seu comentário possa trazer algo para a autora ou seus colegas leitores senão a sensação desagradável de que o mundo está cheio de espíritos de porco. Se faltou leitura ou compreensão, o problema é dela e de mais ninguém. De qualquer modo, ela expressou sua interpretação de Caeiro (e não Caieiro, veja bem), que é, mau ou boa, única. Não gostou, siga em frente e vá ler coisa que seja melhor na sua opinião. Ou, se acha que pode sugerir algo para melhorar o poema ou contribuir a todos, faça-o generosamente, como todos os poetas (bons ou ruins) aqui o fazem quando se expõem abertamente ao postarem seus poemas. Mas esse tipo de comentário rancoroso e negativo não traz nada senão tristeza. Eu que o diga: que pena!

E quero lembrar que nem sempre o eu-lírico é a voz do poeta, como o narrador de um romance não é a voz do autor. Nesse sentido, como discordar de um poema, como se ele fosse uma asserção? Como dizer que o poeta é um lunático (embora eu considere isso um elogio; tento ser, de minha parte, o mais lunático possível)? Ou, por outro lado, dizer que o eu-lírico se engana? É o mesmo que dizê-lo do King Kong ou da Lassie. Podemos, é certo, fazer juízos de valor no que se refere ao poema enquanto obra de arte, mas não vejo como sua cagação de regra venha justificar-se aqui. E quando se fala de mundos possíveis não estamos adentrando o reino do pensamento, onde Caeiro justamente evitava penetrar? "Pensar não era estar doente dos olhos" para ele? E viver na contemplação do mundo físico (onde nosso satélite natural reside) não seria, de uma certa forma, viver sem razão, "viver no mundo da lua"?

Sua descrição de “Caieiro” (sic) me pareceu muito com o verbete da Wikipédia. Você, por sua vez, lê algo além dos seus poemas? Pois tenho certeza que você é um dos nossos grandes poetas, e postou anonimamente para que sua grande obra permaneça inatacável.

Ao seu dispor.

diario da Fafi disse...

Bem, Felipe e Vitor beijos na alma.
Respondendo ao anônimo, não me falta leitura de Alberto Caeiro, antes pelo contrário.

É uma as minhas leituras diárias, diafánas...Porque para ser poeta não precisa de cagação de regra(dá-le Felipe)moral, semântica ou seja lá o que for.
Aliás Caeiro, rejeitas as interpretações filosóficas demais.

A simplicidade de Caeiro,as suas verbalizações diretas e pueris é justamente o que me aproxima dele, é o que me faz sentir esse fazer lunático que está presente em todo poeta, em todo aquele que lê uma poesia e sente que seu mundo se acaba ali, naquelas palavras.

Não me falta leitura de Caeiro, mas não me falta mesmo, meu caro.

Por isso me dou ao luxo de compor sobre ser um pastor de Caeiro.
Eis o que sou, se te incomodo, sinto muito...

Vá ler Dylan Thomas. Ele é bastante metafisico para o seu gosto, ou você nunca ouviu falar?

"..E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor,
uma liberdade
no peito."( O Pastor Amoroso, Alberto Caeiro)

A todos e a todas, me desculpem o arroubo. Sim, eu sei que não devemos responder a que não mostra a sua cara. Ou as suas garras.

Victor Meira disse...

Felipe, Fafi, vamo pegar leve também com os contestadores, qualquer que seja o tom deles. Essa rechaçada só serve pra intimidar o eventual discordante. E muita discussão boa surge das discordâncias... às vezes das mais destrutivas.

Acho que não precisamos ser tão moralistas. Se o anônimo não viu o Caeiro na poesia da Fafi, vamo ajudar o cara a ver. Nada de fechar a roda. Vamo abrir a roda, deixar o cara discordar, xingar, esbravejar. A coisa tem que ser assim.

Certo?

E sr. Anônimo, usa um nome da próxima vez. Pode contestar, pode discordar, vamo assim. Se o mundo fosse só elogio e concordância a gente ainda estaria caçando com lasca de pedra pra sobreviver.

Beijos e abraços.

Renata de Aragão Lopes disse...

Concordo em parte com o Victor.

Já observei que este espaço é utilizado praticamente para elogios. Raramente surge um debate sobre o texto em si: sua interpretação, alcance, propósito do autor, etc.

É ótimo, portanto, quando alguém polemiza - desde que o faça com polidez! Desnecessário xingar, esbravejar apenas para dizer que não compreendeu ou não gostou de um poema - algo tão possível e comum de acontecer.

Felipe Vasconcelos disse...

Victor,

Nesse caso, então, sou um contestador. Pegue leve comigo. :)

Mas eu queria deixar bem claro: não tenho nada contra a contestação, ainda que grosseira (embora eu creia que a polidez encerre mais beleza). A grosseria é uma questão pessoal, a gente ignora ou não. Mas sou contra a censura, que é coisa diferente de um juízo de valor. Podem dizer que um poema meu é uma m... O que eu poderia fazer? Podem dizer que é uma m... por isso, isso e isso: no final das contas isso é até generoso. Mas uma obra de arte nunca pode estar errada ou equivocada. Uma obra de arte não é uma asserção. Não seria absurdo eu chegar pro Vinicius e dizer "ô Vinicius, cê taca equivocado, eu vi a garota de Ipanema na praia e é a maior baranga". O que tem a ver a garota de Ipanema fenomênica, da vida real, com a canção do Vinicius? Vou fazer um poema ruim:

O Caeiro é corno
por isso é pastor
pra viver entre os seus.

E aí? Me faltou leitura de Caeiro? Estou equivocado, o Caeiro era espada? Sou burro? "Que pena" que eu não fiz uma exegese adequada dos poema de Caeiro?

Quem é Caeiro no meu poema?

Tenório disse...

Ei Felipe,

Entendo você completamente. Aliás, sempre pensei desse modo: poesia não tem vírgula mal colocada, não tem o que seria mais ou menos enxuto, pois a justa medida e estilo de um poema é reflexo da alma, da sensibilidade daquele ser vivo que o fez.

Porém, acho que o Victor não quis te contestar, nem pegou pesado contigo. Ele só estava alertando a nós que algum valor pode ter o comentário do anônimo. Eu mesmo fiquei pensando, e é um pedido duro: pensar na possibilidade de considerar o que ele disse, ao invés de só se chatear.

Acho que se o cara discordar de mim ou de vc e afirmar que 'obra de arte é asserção', eu tenho que entender que pode ser viagem dele OU NÂO. se ele acha que eu li pouco fulano ou cicrano, ele pode estar viajando ou de repente eu posso ter lido pouco mesmo, sei lá.

Ontem tava pensando sobre isso: como é que eu sei que eu sei? como é que eu sei que eu sei mais do que alguém? eu sou qualificado para escrever poemas?! maldição, não sei... mas enfim, isso já é outro assunto.

Por sinal, EU adorei o seu poema 'caeiro é corno'! acho que vc fez um troço genial e nem percebeu.

Abraços a todos

Felipe Vasconcelos disse...

Obrigado, Tenório! É muita gentileza sua gostar do poema, mas eu vou te dizer que o renego. Se alguém contar que fui eu que fiz eu minto e nego. hehehehe

Olha, eu estava brincando com o Victor, por isso pus um :) ao lado da frase. Quis só fazer ver que se devemos "pegar leve com os contestadores, qualquer que seja o tom deles", essa regra acaba se aplicando ao contestador do contestador (no caso, eu), e termina por não ter muito sentido se o intuito era, por sua vez, contestar o meu tom.

E eu considerei muito o que o anônimo disse, tanto é que eu me dei o trabalho de respondê-lo. Foi, inclusive, depois de muita consideração que eu achei que valia a pena expor minha opinião. Ora, gente, não estou entendendo vocês. O cara escreveu o que quis da maneira que quis. Por que não posso gozar do mesmos direitos? Me espanta ninguém discordar do que eu disse, mas da minha discordância.

E, claro, qualquer um pode achar que uma obra de arte é uma asserção, ou seja, pode ser considerada verdadeira ou falsa. Pode achar que a forma que a Mona Lisa foi pintada está incorreta, porque ela não era assim na realidade. Nesse sentido, todos podem achar o que quiserem, o que não impede de que, na minha opinão, estejam pensando uma grande asneira. E, de fato, uma asneira pode tornar-se matéria de reflexão e, evetualmente, gerar uma resposta.

E essa questão ("como é que eu sei o que eu sei") já foi formulada pelo Platão 400 anos a.C. no "Teeteto" e ninguém respondeu satisfatoriamente; ninguém pode saber como sabe o que sabe, e daí a dúvida cartesiana como dúvida metódica, isto é, sempre manter uma postura crítica com relação a tudo, inclusive com suas próprias certezas, até mesmo com o próprio ser. Contudo, a dúvida metódica foi o instrumento com o qual Descartes chegou ao cogito e com o qual ele construiu toda sua filosofia. Sem deixar de duvidar, devemos defender o que acreditamos enquanto acreditamos, enquanto não percebermos que estamos enganados. Pois se tudo é relativo, a relatividade torna-se absoluta, pois se algo é relativo, forçosamente o é em relação com alguma coisa. No mundo da relatividade absoluta, ou do absolutismo relativo, por que então sequer discutir ou escrever? Nesse lugar qualquer coisa serve, qualquer coisa vai.

Obrigado, Tenório, pelas palavras e por me possibilitar esse bate-papo.

Abração!