O que houve entre nós?
Sonho?
Fantasia?
Um poderia ter sido que não foi?
Ou uma soma de carências,
de neuras e fraquezas
que determinam até hoje
essa infinita certeza
que se nos separa nos une e
se nos une acaba por nos separar.
E se nos une provoca a sequência:
a cada reencontro um recomeço,
a cada recomeço uma agressão,
a cada agressão uma despedida,
a cada despedida a dor da paixão.
E se nos separa nos mutila,
de nossas vida a própria vida tira,
de nossos corações o amor exila,
da nossa dor surge a reaproximação,
com a reaproximação tudo recomeça.
Aí vivemos horas, dias, poucos dias,
de paixão imensa,
de entrega intensa,
de um amor fogoso.
Somos dois sendo um,
se nos separamos sofremos,
unidos pelo sofrimento
sofremos mais e
novamente voltamos a nos separar.
E fica sempre essa infinita incerteza
que se nos separa nos une
e se nos une acaba por nos separar.
5 comentários:
"E fica sempre essa infinita incerteza
que se nos separa nos une
e se nos une acaba por nos separar".
Intenso e belo. Gostei muito.
Beijos,
Maria Clara.
Versos lindos...
mas sobre um amor que, particularmente, abomino!
"a cada recomeço uma agressão"
"E se nos separa nos mutila,
de nossa vida a própria vida tira"
"unidos pelo sofrimento"
A sua indagação inicial é perfeita, Deolinda: "o que houve entre nós?" Decerto, não foi amor...
Um beijo.
Um belo retrato.
Um ciclo repetitivo e por isso verdadeiro. A repetição pode ser compulsiva
Ai, ai, doeu. Em versos, lindo. Vivenciado, machuca. E como!
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