Você coloca comida
Na janela
Para que pousem pássaros
E te contem o que é ser livre
Você lê livros
Abrindo páginas a esmo
Para que as palavras
Te escolham
Você veste um vestido verde
Porque disseram que é a cor da esperança
E a vida não te roubou
A capacidade de acreditar
Você tem um altar em casa
Mas nele há uma planta
Santa
Mas quase ninguém entende
Sua oração de água sobre o verde
Você espera um filho
Todos os meses
E aguarda o amor
Na tarde quente
Em meio a buzinas
E a fumaça dos carros
Por isso não usa
Óculos escuros
Para que o amor
Possa achar teus olhos
A primeira vista
Você deseja entre as pernas
Um orgasmo
Que te mostre um sentido
Desconhecido
E deseja que ele
Seja sua aliança
E não se importa com o perigo
Que é deixar o peito a vista
E não sabe sua força
De moça
Everton Behenck
6 comentários:
É realmente um prazer dividir o dia com um poeta tão talentoso e tão autêntico. O modo como você narra, as divisões, as rimas, tudo é inusitado e fluido vindo da sua poesia. Achei esse poema belíssimo, desde o título. Tem alguma coisa nele, que tem a força de uma reza e que não consegui detectar ainda onde isso mexeu em mim... Muito bom mesmo.
Abraços
Tenório
Um poema bom de se ler no ritmo e na escolha de palavras, na construção dos sentidos. O Tenório tem razão, quase que funciona como uma reza, tem a força de uma reza. Bonito. Gostei muito. Beijo
Lindo, lindo, lindo. Amei! Não sei dizer exatamente porque mas sei que poesia na sua melhor forma é isto. Parabéns
Helena
Minha nossa....eu não conheço vcs, estou há pouquíssimo tempo neste blog e outros linkados a este, mas... alguma coisa acontece por aqui que eu ainda não havia lido, sentido, vivido, aprendido.
Essa poesia é o retrato da urgência da mulher que vai tocando a vida porque é assim que tem que ser, mas sabe que tem que ser mais: tem que ser amada e amar.
Comum?
Não nessas palavras, nessa poesia, neste blog.
Parabéns, Everton!
beijo
................Cris Animal
Poetinha!!! Perfeito, como sempre!
Beijos
Ela sabe!
Postar um comentário