segunda-feira, 9 de março de 2009

medonha


os dias mansos
a rotina que mata, esmaga, aniquila
a rotina medonha, enganadora, cruel- a morte
é pior que a morte
é pior que estar sentado
à beira de um rio dia e noite
e não pescar nenhum peixe
porque ali há a espera
na rotina não se espera nada
apenas que o dia termine
e que comece um outro igual
o menor movimento incomoda
o menor deslize atordoa
uma noite em claro arrebenta
a rotina sempre vence
talvez vivamos por ela
mesmo que façamos algo diferente
sempre voltamos
e quando é dada por vencida
criamos outra mais forte

15 comentários:

Anita Mendes disse...

Drika, amei o poema. Perfeito! simples e preciso .define de uma maneira poética e "medonha" que a
rotina nunca se cansa de ser rotina.
Beijos.

Hercília Fernandes disse...

A rotina é mesmo medonha, Adriana. E a “normose” é o mal que assola a contemporaneidade. Ainda bem que se pode recriá-la; pois, pelo menos durante alguns dias, se sente o sabor de outros ventos...

Belo texto, minha amiga. Com a marca de seu estilo particular que desapruma dogmatismos e “bons sensos”...

Parabéns.

Forte abraço,
H.F.

Fred Matos disse...

A rotina tornada fênix.
Muito bem apanhado e realizado este teu poema, Adriana.
Beijos

Tomaz disse...

Pálidez, Marasmo, repetição... eis a rotina, que devora e consome, mas, estamos sempre criando uma, assim como concreto...Moldando-se conforme a fôrma.
Belo Poema!
Beijo.

Renata de Aragão Lopes disse...

"talvez vivamos por ela"
verdade!

Benny Franklin disse...

Muito mais que um poema:
um salmo!

Benny Franklin disse...

Muito mais que um poema:
um salmo!

Vinícius Paes disse...

Sim somos escravos.

Belo texto Adriana.

beijo.

BAR DO BARDO disse...

roda-roda-roda...

Luciano disse...

vida, vida, roda...
que vai e que vem

Adri, obrigado pelas palavras sempre tão acertadas.
Abraço de luz.

Barone disse...

Densidade.

Guto Leite disse...

Lindo, Adriana! O tom que acompanha os versos como se colados... Ainda, ao fim, redobra sobre a rotina outra mais forte e imponente! Gostei muito! Grande abraço

Beatriz disse...

No sem fim de mim sei que a verdadeira vida é a vida de todos os dias.
E foi dela que saiu essa Rotina magnífica

Assis de Mello disse...

Esse poema traz à baila a importância da poesia. Se não fosse ela, a rotina lacraria muito do encantamento que nos põe em pé.

Rounds disse...

"o sol ainda não chegou e o relógio a pouco despertou..."

massa!

bj