sexta-feira, 13 de março de 2009

dois poemas de criança

o fim para os olhos

o nascimento dos olhos
é motivo para festa

− jamais haverá de novo
janelas como estas −

de carne em roupa de linho
parede pintada de frestas

ao menos em seu início
de honesta transparência

com o passar dos vícios
as muitas horas funestas

a simplificar o ofício
une os contornos agrega

as cores os corpos os riscos
sobrepõe as diferenças

e quando a preguiça de viço
nem a droga recompensa

parte-se em busca das lentes
vidros que a dor sustenta

e segue se corrigindo
o que os olhos não agüentam

graus e graus sucessivos
tentativas de aumento

até não se ter artifício
para tudo que atormenta

e sem o menor alarido
repousar-se sob as vendas

cegos para o infinito
que a escuridão desenha

− jamais haverá de novo
janelas como estas −


descoberta

quando eu tinha cinco anos
disse a menina de sete
descobrindo o saudosismo

13 comentários:

LG disse...

Que saudades de ti! Agora me contento aqui e no my space! ;-). Bjoka e viva a arte! Lúcia.

Adriana Riess Karnal disse...

muito bom, Guto! Paarece Cora Coralina,rs

Beatriz disse...

Janelas como estas são mesmo raras descobertas.
Sempre excelente sua poesia.
eu chego lá

Adriana Godoy disse...

Um poema bastante interessante, tive que ler mais de uma vez para tentar entendê-lo. O segundo, "descoberta", é impagável. Abraço.

marcos leite disse...

realmente jamarais averá denovo....

amigo(a)fugingo um pouco do poema...são tantas coisas que aconece em nossas vidas...que não averá denovo..
principalmente nossa infancia...

lindo poema....

Helena disse...

Gostei demais, musicalidade bandeirina. Síntese mantendo sonoridade e sentido é coisa difícil em poesia

Unknown disse...

Adorei, Guto!
Janelas que abrem e fecham na medida da nossa euforia!
Beijo!

Gustavo Schiezaro disse...

Parafraseio a Adriana: 'descoberta' é impagável!

Renata de Aragão Lopes disse...

E que descoberta...

Kiara Guedes disse...

E que Dia!!
E eu aqui que nen sabia desse POEMA DIA, vou voltar de noite e de manha também, qualquer desses dias aó.
Abraços

Anônimo disse...

fui lá longe buscar sonhos.
o veículo?
seu belo poema.
valeu, guto!

Barone disse...

o nascimento dos olhos
é motivo para festa

− jamais haverá de novo
janelas como estas −

de carne em roupa de linho
parede pintada de frestas

Felipe Vasconcelos disse...

Nossa, Guto, "o fim..." é muito bonito!!!