terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

imagem: www.luso-poemas.net

Vendaval de idéias,
roupa suada no corpo,
cigarro entre os dedos,
olhos a vagar através da janela.

O gosto amargo que resiste na língua,
meio que a transgredir a outros gostos
que também resistem,
persistem,
tatuam.

Gostos de copos,
de peles,
de bocas,
de sangues.

Enquanto cães cambaleiam pela rua
com os mesmos gostos nas entranhas,
quiçá o mesmo torpor de pensamentos,
e olhos a vagar através de outros vidros.

A permissividade de sentirmos gostos como eles,
ou eles como nós,
ou simplesmente todos

as mesmas amarguras na língua.

7 comentários:

Tentativas Poemáticas disse...

Parabéns Diego. Parabéns Flávio. Parabéns a toda a vossa excelente equipa.
Vou mesmo de estar mais atento às vossas publicações nesta Uviversidade Virtual.
Um grande abraço para todos.
António

Anônimo disse...

Muito bacana você situar fisicamente uma amargura existencial... O poema é ótimo, parece cinema!

Adriana Godoy disse...

Bonito esse poema. Gostei muito. "Enquanto cães cambaleiam pela rua
com os mesmos gostos nas entranhas", especialmente esses versos.

Yara Souza disse...

Nas entranhas
Na língua

Persiste
o amargosto
de teu verso...

Beatriz disse...

Pensamentos entorpecidos dos cães? Isso que é coragem. Trangrediu a linguagem com um vendaval de versos sobre o sentir como os animais. será?

Julia Duarte disse...

Falando em gosto, gostei um montão!
:-)

Barone disse...

as mesmas amarguras na língua.