quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Cronos Corte


Cortei o cabelo a navalha
Agora, minha história desfiada
Vê-se nua em pelo, no fio das horas,
Toda ela na minha cara
Explode meu perfil em camadas

Inteira, entalhada na fresta do presente,
Minha história é rua larga,
Via de mão dupla sem calçada

E cada passagem, cada camada
Passadas
Cabem no meio fio da face

A última década enrolada,
Pesa camuflada no batom desejo coral
Cobra pronta, aninhada no musgo do tempo,
No verde do muro e no côncavo da boca.
Cobra criada pra dar bote e beijo
Nos pés de um futuro que lateja


Música: Autumn Leaves / Cannonball Adderley with Miles Davis

11 comentários:

Fábio Terra disse...

Simplesmente ....lindo adorável.

Heyk disse...

como os ara's os ada's, as coisas, os fios se embricam, se alastram. Como funciona o poema. Poema. Ê!

Marcos Pontes disse...

Poema completo, com força, dinâmica, enredo e riqueza de forma e conteúdo de palavras muito bem casadas. Tuas rimas são ímpares e ainda melhores porque quase imperceptíveis para o mau leitor.

Tião Martins disse...

Essa Compulsão Diária é cobra criada! Parabéns pelo poema!

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

Folhas de outono cada uma uma estoria, na face que ainda se faz
outra estória a do riso e do agora
Beleza de poema CD! bjbj
Cintia Thome

Adriana Godoy disse...

Muito bonito e forte isso daqui. Um antagonismo presente sem ser pesado, um gosto de poesia.

Anônimo disse...

Como bem disse o Marcos, um poema completo: com todos os elementos.

Parabéns!!

Felipe Costa Marques disse...

...belo gosto musical, fotografia sensorial e que construção poemal...

Animal!!! Nossa cobra coral!

Benny Franklin disse...

Marca Registrada!
Bjs

Beatriz disse...

Obrigada a todos. Nessa nova fase do Poema dia, dois a cada dia, receber tantos comentários é um presente e tanto. Vejo que a maioria aqui não faz crítica , prefere elogiar. Aceito, com grande felicidade os elogios. E gosto de leituras mais críticas também. Sei que falta tempo. Quem quiser e puder. Agradeço

Barone disse...

Maravilhoso poema.