I -
Inferno
Nenhuma
pista ou clareira
para tentar a aterrissagem
para tentar a aterrissagem
e,
ademais,
o trem de pouso emperrado
o trem de pouso emperrado
Retornar
ao lar
– oh estações, oh castelos –
– oh estações, oh castelos –
e
ninguém ter dado pela sua falta
II -
Purgatório
A TV
ligada para ninguém
– em
consultórios ortopédicos –
o cheiro
do tédio das atendentes
&
o clamor dos telefones
A
fila de mulheres pensativas
–
nos pronto-socorros –
as
crianças tossindo em seus colos
o
senhor debruçado sobre as rugas
A
ante-sala dos CTI’s
as
antecâmaras das policlínicas
os azulejos brancos, o ventilador de teto
–
nas salas de espera dos centros de radiologia –
E
nos demais lugares onde a morte fareja
III
- Paraíso
Praticamente
nada a fazer senão para o pobre agente do Centro de Controle de Pragas. A nuvem
de veneno borrifada sobre as macieiras rouba o brilho das asas dos anjos e
embaça o aço de suas espadas. De manhã, o batalhão de arcanjos em ordem unida,
treinando para a possível batalha. E é sempre manhã, aonde quer que se vá. Longa
manhã de profunda ressaca. Os que leram estão de acordo, é o mesmo paraíso descrito
por Dante. Um saco!
*
*
2 comentários:
Não nos resta outra saída, a não ser...a não ser...a não ser ponto final. Muito bom, Rafael. Abraço.
Muito bom! magnifico! Também tenho um blog e faço poemas! estou começando. http://maisnicotina.blogspot.com.br/
olha lá! e comente se puder! obrigado!
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