o filme era de orson welles
e Almir o único negro naquela sala de cinema
de ipanema
no ar desconforto silencioso
pelo fato de haver um invasor
quase alienígena
cena mais forte
do que as verdades e mentiras da tela
acontecia no palco escuro
não disfarçava – se olhares e resmungos
explicito ataque
ao abusado transgressor
éramos dois intrusos naquele lugar
porque dessa maneira tratavam
negros e brancos pobres .
2 comentários:
O SONHO NÃO ACABOU
Escrevi um poema na areia
Cheio de nuanças
E de contratempos,
Ora inspirado pelo mar
Ora trazido pelo vento.
As ondas rebateram
Exigindo também o seu lugar,
Nem que fosse ao lado
Do ponto máximo do fim.
As gaivotas sobrevoaram
Em círculos provocantes;
Enciumadas de contemplação,
Pousaram sobre palavras-chaves,
Tornando meus versos incompreensíveis.
A noite foi surgindo sem pressa,
Permitindo que eu terminasse;
Mas a lua, cheia de inveja,
Se negou a iluminar.
Ela enfeitiçou o mar
Que sob seu encanto libertou a maré;
Enfurecido, eu a agredi em vão...
No dia seguinte, cabisbaixo,
Retornei à praia
Para ver o que tinha restado:
As ondas estavam calmas
E as gaivotas sobrevoavam felizes.
Caminhei lentamente pela areia
Quando, de súbito, meu olhar se aviltou
-Apenas uma frase o mar me deixou:
O sonho não acabou.
*Agamenon Troyan poeta brasileiro, autor do livro (O Anjo e a Tempestade)
Muito bom companheiro, obrigado pelo comentário. Abraços
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