sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

des.fronteiras

Em diálogo com Não sei quantas almas tenho, de Fernando Pessoa.


não sei quantas almas tenho,
fernando, quantos pessoas

me divisam

às vezes, estrangeira
peregrina solo místico

noutras, alça deforme
jura de fé e ceticismo

se me pedes calma
minh’alma venta abismo

lembra as paisagens do ser
na altivez do espírito

mas se me pedes aridez
minh’alma é alvura

manto de ternura com qual
se alça criança



hfernandes

Um comentário:

Andrea de Godoy Neto disse...

diálogo belíssimo este, Hercília!

e alma que venta abismos é uma imagem das mais lindas.

beijos