terça-feira, 8 de novembro de 2011

Dedicatória

(imagem:Netinho Maia)

Ao falso príncipe, ser incorpóreo,
semi - existente, quase lendário.

Ao imprevisto eclipse
que fingiu ser cúmplice
quando era adversário
e me corrompeu a sensatez
aos poucos.

Ao monstro agreste
que me obrigou a escolher um lado,
esquerdo, direito,
o que importa agora?

Invariávelmente era o lado errado.

Logo eu que sempre fui a Suíça,
virei tirana, doida varrida,
uma desvairada.

Fiz guerras civis, afrontei deuses,
vociferei e comprei brigas.

A ele, muito obrigada.

6 comentários:

Amarildo Ferreira disse...

Interessante e enigmático! Nos faz perceber que o desvairio não é de tão ruim assim, afinal, ser poeta é enxergar o mundo pelos olhos da loucura cosubstanciada em versos que, vez ou outra, significa apenas um suspiro de alívio ou uma vociferação contra o estado das coisas. Eu, por exemplo, certa vez fiz uma dedicatória à segunda-feira, dia ingrato e malfeitor!


ALAFIÁ!

BAR DO BARDO disse...

Idade média bem atual, pois.

Adriana Riess Karnal disse...

ótimo.

João Luis Calliari Poesias disse...

Muito bom, Sra. Perez(risos).
Sr. Amarildo, eu também fiz uma dedicatória à segunda-feira:
"O bom da segunda é que rima com bunda".Abraços

L. Rafael Nolli disse...

Flá, como sempre um bom poema. Esse, enigmático, poderoso.

Flá Perez (BláBlá) disse...

obrigada!!!!

bjbjbj