Foto: John Sexton |
Ó menino que fui
sofrendo delírios por doses excessivas
de xarope para o pigarro e a tosse! –
dos trópicos , onde te perdi?
Ó fotocópia do pai
amassando com o calo dos pés
os caramujos da esquistossomose :
educado naturalmente por um brejo
povoado por destemidos vermes –
no pequeno peixe que resistia
expelidos pelos intestinos da civilização ?
Ó minúsculo sonhador
pelas placas de trânsito
e a convivência com as rádios AM –
nas axilas daquela cidade
e goiabas melhores do que homens ?
Ó incansável infante
das guerras televisionadas
dos vazamentos radioativos
discutidos nas mesas de bar –
a crer que a tua casa seria o próximo alvo ?
Ó ignorante de si mesmo
num dia esquecido por todos
Ó curioso moleque
interessado na decomposição dos ratos
na fratura exposta , no fogo nas petroquímicas –
no olhar no passo na voz
e retorno em seguida
* do livro comerciais de metralhadora
7 comentários:
o outro lado da infância, aquela que tentamos esquecer!
muito bom, parabéns!
ns
Nolli, sempre bom e surpreendente te ler! Beijo
Belo legado (esse, o das palavras) que deixas de herança, eternizando a universal infância de quem quer que seja. O filho, com certeza, se orgulhará do pai menino que teve.
Beijinhos.
bela METRALHADA, Nolli !
putz !...forte...mexe e remexe...faz isso não cá gente, sô !...rs
show !
apreço(estima, consideração)
apresso(que está sob pressão)
Acho que vc. quis se referir ao "apreço" com Ç.
Anônimo, certíssimo! Muito obrigado pelo toque!
Abraços!
Nolli,
uma narrativa poética - e tanto!
Uma história triste - e conhecida!
Seja feliz!
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