quinta-feira, 20 de outubro de 2011

(en)

trocamos as tampas das privadas
me olho no espelho com cabelo cortado e barba falhada
e acho engraçado o fato de estar parecendo com tom zé
claro se emagrecer uns vinte e poucos quilo

lirismo é tesouro escondido incógnito
perde –se muito tempo analisando forma e conteúdo
sem usar a transpiração no trabalho diário

operário assumido transcrevo todas as influências
todos os imputs informativos
de antes de nascer até o presente momento
de cordelistas ao hip hop periférico

na disputa de improvisos de rimas saio perdendo
a prática prosaica de versos sem métrica
inviabiliza a troca de desafios
não me situo em nenhuma escola
não permito aplicação de ditames regrados

caminho tentando alguma sensibilidade
esbarrando em exageros de verbos
ou em literatices assumidas
arremedo de insana erudição
arrebatada de construir na maior cara de pau
textos de absurdos

romper com a claridade obscura dos guetos
entronizar uma maneira de fazer sem identidade
querendo enturmar com a aceitação geral
minoritária encastelada em conceitos de caderno b
pronto para ser debatido em discussões filosóficas
servindo de base para teses descobridoras de essências falsificadas

quebrar todo esse discurso encerrando com o ponto final.


Flávio Machado

2 comentários:

Ana Ribeiro disse...

É belo teu desabafo.
:)

Anônimo disse...

obrigado pelo comentário.


abraços