a bruno bandido
os subterrâneos revelam outra cidade
ratos e gente disputam o mesmo espaço
as águas são podres e fedem debaixo do asfalto
carros passam em cima
pessoas vão ao cinema e ao teatro
não olham para baixo
mastigam chicletes e as roupas são de boutique
discutem beckett e o prêmio nobel de literatura
enquanto outros procuram o nosso lar que nunca está aqui
mas em um céu imaginário e monótono
cospem seus pecados e medos
os seres debaixo do asfalto podem atacar
suas sombras assustam
a fumaça é de crack e de dor
os prédios são altos e inatingíveis
há uma cidade que grita apesar do pôr-do-sol
há uma cidade que dorme apesar dos subterrâneos que nunca dormem
6 comentários:
Que constatação mais lúcida... e triste.
Show !! O caos é sempre um show... E se eu fosse da fauna do subterrâneo já estaria preocupado, afinal, não é só a raça humana que vai se autodestruir, vai levar todo o resto ;)
a cronista de bh
bh é mundo
é uma honra, adriana. tu sabe.
Adriana, só a poesia olha para todos os lados! Belo, sensibilísssimo, beijo.
LINDO, DRI!
Eu diria que poetas como você olham o mundo de forma mais humana.
AMEI!
Beijos
Mirze
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