quarta-feira, 17 de agosto de 2011

para um poema de amor


acordei querendo escrever um poema de amor

um poema que de amor reluzisse
nessa manhã sem azul
que trouxesse de volta o bem-te-vi sumido
e reinventasse ninhos no pinheiro
e fantasmas amigos na varanda
vivos ou não

um poema que verdágua transbordasse
num misto de mar e capibaribe
de paralelepípedo e mangue
e que fizesse florir em pleno inverno os
baobás e todas as acácias
guardando os flamboyants para o verão

um poema que se negasse ao corriqueiro
eu te amo e dissesse do amar
com verso e rima
numa voz peculiar de gesto novo
que fosse efêmero como o bronze esverdeado
das estátuas e permanente como o brilho
que há nas bolas de sabão

que dissesse de mim sem me dizer
e alardeasse o querer de cada gente
dispensando os como os quando e todos os porquês

e que algum dia em um livro em um blogue
onde quer que alguém o visse
que se lhe abrisse um sorriso ao fim de o ler



Márcia Maia



2 comentários:

Ana Ribeiro disse...

Eu li aqui no blogue e acabei de abrir um sorriso.

Flavio Machado disse...

um belo poema Márcia, como já comentei.

beijos
Flávio