A dor que quebra meninos em partes
manifesta-se, violenta,
a cada olhar reverso
que lanço ao espelho do quarto.
Tirada da retina profunda
esta dor surge, impávida,
a lembrar a frieza cortante.
A dor que parte meninos em vermes
farta-se, gulosa,
na tenra carne
que, exalando frescura, ignora.
Na fresca carne se instala
a puta dor corrosiva,
suja farpa maculada
a contaminar a clareza restante.
A dor que reduz meninos a homens
acerca-se, obscena,
do puro fruto liberto
que insiste crescer no peito.
Tece sua rede indecisa
a estúpida dor homicida.
Cela promíscua de meninos partidos
a lançar seus restos
na vasta solidão reinante.
Este poema faz parte do livro "Outros Sentidos", lançado em 2009.
8 comentários:
"Cela promíscua de meninos partidos
a lançar seus restos
na vasta solidão reinante."
O seu blog é fantástico! Ainda não consegui formar uma opinião completa sobre si... Ainda não li tudo, mas do que li, está óptimo!!! Muitos parabéns e, obrigado por partilhar connosco a sua arte!
Carlos Leite, http://opintordesonhos.blogspot.com
Excelente, Barone! Bj
É engraçado quando pesamos que nós mesmos procuramos essa dor.
Abraços!
Muitas infâncias perdidas, caro Barone. Realidade nossa, triste antiga realidade nossa. Um abraço e parabéns.
Uma redução e tanto!...
Boas falas.
muito bom esse poema companheiro
abraços
"Outros Sentidos" levem sempre à Liberdade, à poesia: Parabéns!
Boa, meu caro !
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