sexta-feira, 1 de julho de 2011

Poema

A dor que quebra meninos em partes
manifesta-se, violenta,
a cada olhar reverso
que lanço ao espelho do quarto.
Tirada da retina profunda
esta dor surge, impávida,
a lembrar a frieza cortante.

A dor que parte meninos em vermes
farta-se, gulosa,
na tenra carne
que, exalando frescura, ignora.
Na fresca carne se instala
a puta dor corrosiva,
suja farpa maculada
a contaminar a clareza restante.

A dor que reduz meninos a homens
acerca-se, obscena,
do puro fruto liberto
que insiste crescer no peito.
Tece sua rede indecisa
a estúpida dor homicida.
Cela promíscua de meninos partidos
a lançar seus restos
na vasta solidão reinante.

Este poema faz parte do livro "Outros Sentidos", lançado em 2009.

8 comentários:

Carlos Leite disse...

"Cela promíscua de meninos partidos
a lançar seus restos
na vasta solidão reinante."


O seu blog é fantástico! Ainda não consegui formar uma opinião completa sobre si... Ainda não li tudo, mas do que li, está óptimo!!! Muitos parabéns e, obrigado por partilhar connosco a sua arte!
Carlos Leite, http://opintordesonhos.blogspot.com

Adriana Godoy disse...

Excelente, Barone! Bj

João Vitor Fernandes disse...

É engraçado quando pesamos que nós mesmos procuramos essa dor.


Abraços!

(CARLOS - MENINO BEIJA - FLOR) disse...

Muitas infâncias perdidas, caro Barone. Realidade nossa, triste antiga realidade nossa. Um abraço e parabéns.

BAR DO BARDO disse...

Uma redução e tanto!...
Boas falas.

Flavio Machado disse...

muito bom esse poema companheiro

abraços

Francisco Coimbra disse...

"Outros Sentidos" levem sempre à Liberdade, à poesia: Parabéns!

Tomaz disse...

Boa, meu caro !