sei de tantos descaminhos
desolhares desistências
sei como é estar sozinho
sem nenhuma indulgência
sem nunca pedir clemência
sei de mim — um ser marinho
perdido a meio caminho
do deserto na iminência
de esquecer o mar — vizinho
de abismo e insolvência
mas não será desse espinho
que hei de morrer — paciência
a tal vil redemoinho
ofereço a impertinência
de quem conhece a ciência
do sobreviver— sem vinho
herói quixote ou moinho
sigo adiante — e de ausência
cinjo-me enquanto escrevinho
meus versos de inexistência
Márcia Maia
8 comentários:
Sensacional. Melodia pura.
Solidão, caminho árduo. Sei bem como é isso!
Beijos!
Um viés de loucura "aumenta" a amplidão.
Bom golpe de vista.
Visto do ângulo poético que dizem que só os portugueses são únicos na saudade e no fado, a Márcia parece quase da minha cidade. Livre e solta. Soberana e crítica. Uma Mulher enorme, que quando eu for grande, também quero conquistar momentos destes.
Você consegue,apos longa batalha,fazer da solidão um ser domável,íntimo,cúmplice,invasor,transmissor "suave" de palavras fortes e duramente sentidas!
Maravilha,Márcia, irmã e poetisa;
Quanto mais vives, mais as palavras/ sentimentos refinam...
Beijo Angela
muito bom parceirinha.
beijos
impertinente !
gostei !
abraço
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