sexta-feira, 17 de junho de 2011

impertinência

sei de tantos descaminhos
desolhares desistências
sei como é estar sozinho
sem nenhuma indulgência
sem nunca pedir clemência
sei de mim — um ser marinho
perdido a meio caminho
do deserto na iminência
de esquecer o mar — vizinho
de abismo e insolvência

mas não será desse espinho
que hei de morrer — paciência
a tal vil redemoinho
ofereço a impertinência
de quem conhece a ciência
do sobreviver— sem vinho
herói quixote ou moinho
sigo adiante — e de ausência
cinjo-me enquanto escrevinho
meus versos de inexistência



Márcia Maia

8 comentários:

Ruy Villani disse...

Sensacional. Melodia pura.

João Vitor Fernandes disse...

Solidão, caminho árduo. Sei bem como é isso!



Beijos!

BAR DO BARDO disse...

Um viés de loucura "aumenta" a amplidão.

Bom golpe de vista.

Thita disse...

Visto do ângulo poético que dizem que só os portugueses são únicos na saudade e no fado, a Márcia parece quase da minha cidade. Livre e solta. Soberana e crítica. Uma Mulher enorme, que quando eu for grande, também quero conquistar momentos destes.

Fernando Andrade disse...

Você consegue,apos longa batalha,fazer da solidão um ser domável,íntimo,cúmplice,invasor,transmissor "suave" de palavras fortes e duramente sentidas!

Angela Santana disse...

Maravilha,Márcia, irmã e poetisa;
Quanto mais vives, mais as palavras/ sentimentos refinam...
Beijo Angela

Anônimo disse...

muito bom parceirinha.

beijos

Joe_Brazuca disse...

impertinente !

gostei !

abraço