Li com atenção um dos teus últimos escritos, e fiquei bastante agraciado com o que encontrei lá, ao mesmo tempo em que um sorriso me vinha aos lábios a cada palavra da tua mente que ressoava na minha, através das tuas palavras que lia. Embora já sejamos amigos há algum tempo, não pensei que nossa afinidade chegasse a tanto, a ponto de me reservar um tempo para, diretamente, comentar contigo o que lá escreveste.
Antes de qualquer coisa, gostaria de mostrar minha solidariedade com o que sentes, pois foi esse o sentimento que me veio quando li o teu texto, sendo que me incentivou a te escrever essa carta. Da mesma forma que tu, costumo frequentemente me sentir uma pessoal solitária, meio que de forma patológica. Comigo, no entanto, essa solidão vem em surtos, em manhãs de domingo tendentes à ociosidade, ou em madrugadas como essa, na frente na tela do computador, enquanto te escrevo essas frases, às vezes regadas a vinhos e baladas antigas, às vezes tomadas simplesmente por uma ansiedade tão patológica quanto aquela solidão, que não me deixa dormir.
Agradeço, todavia, a essas madrugadas insones, o fato de ter te conhecido. Afinal, se não fossem elas, perderia muito das conversas que já tivemos, e da companhia que, muitas vezes, era somente tu, no outro lado de uma janela de computador. E me impressiona o fato de, apesar disso, ainda não ter tido a disposição suficiente para agarrar minha mochila e ir atrás de ti, para, enfim, te conhecer pessoalmente. Acho que isso se deve a um certo receio que tenho de te desmistificar, de perder a magia que rodeia essa nossa amizade tão pitoresca, se não singela. É como se temesse, como tantas vezes já temi, que ver-te na minha frente mais que sacie a vontade de te ter a meu lado, mas induza a vontade de te ter nos meus braços.
Pois disseste que amas somente pelo prazer de amar, sem esperar retorno pelo que sentes, e que isso é um sofrimento com o qual te acostumaste. Digo-te, Vivian, que há poucas coisas tão apaixonantes numa pessoa quanto essas tuas impressões nostálgicas, ao mesmo tempo em que há outras tão raras capazes de fazer as pessoas se afastarem. Assim penso eu, pois tenho a sensação de que costumo me afastar daquilo que admiro, da mesma forma que evito qualquer estrada que rume à Niterói, sob o temor de enfrentar coisas que desconheço. Isso, no entanto, não significa que não haja amor em retorno a ti: significa, só e talvez, que esse amor também esteja escondido, lá junto com a solidão de que falaste, não intentando nada em troca como o teu, sem assim, porém, um dia poder encontrá-lo.
Parece que amor e solidão são uma coisa só, não é mesmo? Que um leva ao outro necessariamente. Fico impressionado quando vejo as pessoas colocando o amor como meta de vida, ou desejando isso a outras em seus aniversários. É como se lhes desejassem essa solidão que sentimos juntos, essa amargura no fundo do peito, ao mesmo tempo em que esse desejo de que as coisas fossem diferentes, essa vontade de simplesmente sermos iguais aos outros. E quando finalmente o nosso amor é correspondido, sentimos saudades das nossas madrugas de conversa pela internet, das nossas músicas regadas a goles de vinhos e cervejas, sozinhos em nossos quartos, zanzando em círculos até os primeiros raios de sol aparecerem por entre os prédios e o sono nos abater por completos.
Enfim, minha querida Vivian, acho que sei o que quiseste dizer...
Só peço a gentileza de não interpretares mal essa carta. Minha intenção com ela foi somente, como já disse, mostrar minha solidariedade, e dizer o quão me identifico contigo e com o que escreveste – o que me deixou tentado a isso te dizer. De um tempo para cá, escrevendo aos outros, tenho visto o quão meus sentimentos incomuns, que antes pensava serem somente meus, são também de outras pessoas, e isso tem me feito bem. Espero, portanto, que compartilhar o que sinto contigo também te faça.
Deixo-te, por fim, um carinhoso beijo.
Do teu admirador,
Diego
p.s. Linda a foto do farol.
Antes de qualquer coisa, gostaria de mostrar minha solidariedade com o que sentes, pois foi esse o sentimento que me veio quando li o teu texto, sendo que me incentivou a te escrever essa carta. Da mesma forma que tu, costumo frequentemente me sentir uma pessoal solitária, meio que de forma patológica. Comigo, no entanto, essa solidão vem em surtos, em manhãs de domingo tendentes à ociosidade, ou em madrugadas como essa, na frente na tela do computador, enquanto te escrevo essas frases, às vezes regadas a vinhos e baladas antigas, às vezes tomadas simplesmente por uma ansiedade tão patológica quanto aquela solidão, que não me deixa dormir.
Agradeço, todavia, a essas madrugadas insones, o fato de ter te conhecido. Afinal, se não fossem elas, perderia muito das conversas que já tivemos, e da companhia que, muitas vezes, era somente tu, no outro lado de uma janela de computador. E me impressiona o fato de, apesar disso, ainda não ter tido a disposição suficiente para agarrar minha mochila e ir atrás de ti, para, enfim, te conhecer pessoalmente. Acho que isso se deve a um certo receio que tenho de te desmistificar, de perder a magia que rodeia essa nossa amizade tão pitoresca, se não singela. É como se temesse, como tantas vezes já temi, que ver-te na minha frente mais que sacie a vontade de te ter a meu lado, mas induza a vontade de te ter nos meus braços.
Pois disseste que amas somente pelo prazer de amar, sem esperar retorno pelo que sentes, e que isso é um sofrimento com o qual te acostumaste. Digo-te, Vivian, que há poucas coisas tão apaixonantes numa pessoa quanto essas tuas impressões nostálgicas, ao mesmo tempo em que há outras tão raras capazes de fazer as pessoas se afastarem. Assim penso eu, pois tenho a sensação de que costumo me afastar daquilo que admiro, da mesma forma que evito qualquer estrada que rume à Niterói, sob o temor de enfrentar coisas que desconheço. Isso, no entanto, não significa que não haja amor em retorno a ti: significa, só e talvez, que esse amor também esteja escondido, lá junto com a solidão de que falaste, não intentando nada em troca como o teu, sem assim, porém, um dia poder encontrá-lo.
Parece que amor e solidão são uma coisa só, não é mesmo? Que um leva ao outro necessariamente. Fico impressionado quando vejo as pessoas colocando o amor como meta de vida, ou desejando isso a outras em seus aniversários. É como se lhes desejassem essa solidão que sentimos juntos, essa amargura no fundo do peito, ao mesmo tempo em que esse desejo de que as coisas fossem diferentes, essa vontade de simplesmente sermos iguais aos outros. E quando finalmente o nosso amor é correspondido, sentimos saudades das nossas madrugas de conversa pela internet, das nossas músicas regadas a goles de vinhos e cervejas, sozinhos em nossos quartos, zanzando em círculos até os primeiros raios de sol aparecerem por entre os prédios e o sono nos abater por completos.
Enfim, minha querida Vivian, acho que sei o que quiseste dizer...
Só peço a gentileza de não interpretares mal essa carta. Minha intenção com ela foi somente, como já disse, mostrar minha solidariedade, e dizer o quão me identifico contigo e com o que escreveste – o que me deixou tentado a isso te dizer. De um tempo para cá, escrevendo aos outros, tenho visto o quão meus sentimentos incomuns, que antes pensava serem somente meus, são também de outras pessoas, e isso tem me feito bem. Espero, portanto, que compartilhar o que sinto contigo também te faça.
Deixo-te, por fim, um carinhoso beijo.
Do teu admirador,
Diego
p.s. Linda a foto do farol.
Um comentário:
Olá, Querido Diego;
Ainda não tinha visto o amor dessa maneira... e pensando bem... estou quase acreditando que realmente o amor é um sinônimo da solidão...
Abraços!
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