segunda-feira, 25 de abril de 2011

imagem: Leonor Fini


O CORPO E A CABEÇA



Este corpo que eu visto
e que me veste
as vezes prazeirosa
outras incompetentemente
tem caprichos e manhas
e é freqüente
que não se submeta
a ser
somente
Quer coisas que não sabe
e nunca viu
temendo as que conhece e experimentou
confessa o que não fez
e dos pecados cometidos
se sente até contente
Quer ir onde eu não quero
ver quem não tolero
andar na contramão
e até deseja um corpo que esqueci
condenando ao desprezo
um outro amado
E me confunde
deixa embaraçada
Xô! volta pro teu canto
corpo endiabrado
e vê se imita o exemplo da cabeça
que me obedece e agüenta sem trair
seguindo meu caminho bem traçado


Um comentário:

Francisco Coimbra disse...

Belo poema! Gosto por demais de_mais… “O CORPO E A CABEÇA” e depois “o corpo” pode não ser exactamente o que mais gosto, mas gosto de sentir que está quente e tem sentimento. Adorei, é a do rei!... Bjs