domingo, 10 de abril de 2011



Derivado 
ROGERIO SANTOS

não há verdade sem ver
não há tesão sem tez
não há saudade sem sal
não há coração sem cor

não há cenário sem rio
não há ilusão sem luz
não há paixão sem ai
não há adorno sem dor

não há inventor sem vento
não há conversor sem verso
não há amarra sem amar
não há sentido sem ti

5 comentários:

Francisco Coimbra disse...

Uma boa forma de definir o que é, dizer o que não é ou «não há», até… chegar ao que se diz ser. O ser do poema pode sair duma enumeração, ser uma razão? A razão, matematicamente falando, é uma fracção ‒ uma divisão que representa um número, capaz de representar três situações distintas: maior, menor ou igual à unidade. Este poema é uma unidade coerente, uma enumeração em crescendo, até acabar sendo um texto questionador “Derivado” das palavras escolhidas num percurso que começa em «verdade» e ainda continua quando chega a «sentido». O gozo, o jogo, estabelece-se verso a verso, criando pares de palavras: «verdade –ver», «tesão – tez», até «não há sentido sem ti», uma conclusão que ecoa quando o final se escoa. Em sentido: Parabéns! Abç

rogerio santos disse...

Francisco, muito obrigado pelo comentário detalhado. Vou guardar com muito carinho. Abraços Transatlânticos, Rogerio

BAR DO BARDO disse...

art
icul
ação
espe(ta)
cular

o concreto não rachou

Quintal de Om disse...

Não há nada
onde não haja algo
que não seja tudo.

Que belo, Rogério.
Meu abraço.

Samara Bassi.

Renata de Aragão Lopes disse...

Que lindo, Rogério!

Derivado e bem composto!

Abraço,
Doce de Lira