quarta-feira, 17 de novembro de 2010

um poema à hora do almoço


um poema à hora do almoço
tecido em pensamento

sem caneta
teclado
guardanapo

um poema de sentir saudade
germinado entre folhas

de alface
hortelã
manjericão

diluído em burburinho
(afinal é hora do almoço)

na fumaça
de automóveis
e cigarros

é provável que se perca rápida
e definitivamente

entre a conta
e o último
gole do café

pois para que serve um poema
de saudade

(escrito
em pensamento
à hora do almoço)

senão para perturbar o apetite e
o coração



Márcia Maia


8 comentários:

VERA PINHEIRO disse...

E podes ter certeza de que abriu meu apetite para poesias e tocou meu coração! Beijos!

Henrique Pimenta disse...

Sensibilidade saciada.

Namaste!

Noslen ed azuos disse...

poema escrito na memória
alimento do coração

bjs
ns

André HP disse...

Grande sacada na temática. Deu fome... hehehe...

Beijos.

Diogo Costa Leal disse...

«pois para que serve um poema
de saudade

(escrito
em pensamento
à hora do almoço)

senão para perturbar o apetite e
o coração»

Muito bem escrito,
sem rimas faceis ou quaisquer esquematização desnecessária na poesia. Reflexivo, retrata bem o que aquele que cria pensa e sente antes de o transpor para as linhas da caneta. Um bem haja.

L. Rafael Nolli disse...

Márcia, que bom poder ler um poema tão bom! Poema-saudade, em carne viva!
Abraços!

Barone disse...

Beleza Marcia!

Anônimo disse...

Bonito poema

bjs