quinta-feira, 25 de novembro de 2010

estranhas entranhas ( Píer 55)


o que vai a mim, não sou eu
o que está em mim, se perdeu...
o que faz tão largo,
este residente amargo ?
por que o que me arvora,
incólume, me devora ?
o que vem de mim, não é meu
o que passa por mim, esvaeceu...
por que este âmago latente
que finge, morre em mim,
e mente ?
o que pesa em mim, corroeu
o que leva de mim,
dentro, e perto, e centro
estremeceu...
por que e onde d’essa ânsia,
que já é fulcro e reentrância ?
por que o que preso, excreta,
e me assola, e se decreta ?
o que jaz por mim, já viveu
o que vive em mim, já jazeu
o que foge de mim, pariu
o que queima de mim
já esmoreceu...
o que longe de mim, partiu
o que próximo de mim,
nada mais aconteceu...


©Joe Brazuca - MMX sp/sp Br

3 comentários:

kiro disse...

Que beleza de poesia! O que se sente e sente a gente, faz semente em solo infértil.

Adorei ♥

Francisco Coimbra disse...

Joe, é sempre Natal quando você publica! Ella agradece_ria... Abraço.

Joe_Brazuca disse...

Grato, amigo poetas !

abraços !