Fotografia by Ana Mokarzel
I
Tenho aprisionado n’Alma
a puberdade das horas do infinito.
Coexisto desde o ido boquiabrir do sacrifício.
Deus: em Belém faz mormaço;
Deus: nesse clima eu teimo em seguir
poetando sob um trem de fantasmas
e enciumo as pedras do reino
e soçobro nos corpos recozidos;
Deus: para fugir dos entre parênteses
eu me renovo
nos insuportáveis mictórios
da ilusão...
II
Lá fora:
Fêmeos gozares resgatam paragens
e caramujos de risos tristonhos em cópula na madrugada
ejaculam no bacio do olhar
um cadinho de nada;
descrêem o existir,
resvalam no medo.
III
Aprendi:
Descaminhar verdades marginais
sem que silvos mofodigitais sangrem egocompletados
municia o ar-lume da pólvora,
alimenta o canivete,
escalda e assassina
a ternura do porvir.
IV
Deus!
Oh, Deus das pálpebras negrejadas!
A hipocrisia seduz o banquete das palavras
e esquece que há vida em torno do poema.
Oh! Pode haver derrame de sangue e canibalismo
se todas as verdades
não forem multiresgatadas.
V
Ai! Ludibriar a hora da aflição não satifaz.
Coar a saliva do nódulo-sêmen não completa
e nem requenta o alimento transgredido
da sarjeta que dói...
VI
Ai!
Viver é como um afugentado espírito
que não prova o sensabor...
É como fazer amor e amar o medo da espera...
É como esquecer o fuzil e mamar no rubro seio da lama...
É como catar no estômago
um poema esfomeado
e ainda ter que repreender o ódio
a duzentas milhas do padecimento da fala.
© Benny Franklin
2 comentários:
sua poesia é sempre [quase] complexa e [mais que nunca] visceral !
gosto de ler-te, Benny ! [muito]
("...É como catar no estômago
um poema esfomeado
e ainda ter que repreender o ódio
a duzentas milhas do padecimento da fala...")
Bom sempre
ab
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