sexta-feira, 11 de junho de 2010

desgasto

os dias vão
se afunilando pela única janela
sem grades da tarde encarcerada

pipa metálica de calda airada reluzente

um superpersônico

vermelha,
a cozinha chupa brasas do poente
suspiramos o que arde nas máquinas

garras atrasadas nos
escombros da encosta
crua

gaviões que remontam cílios garbosos no
que há de humano desses galhos secos,
nossos pés são o caminho
arredondando cacos de passado
na pele adocicada das engrenagens
de montar mares.

7 comentários:

Sidnei Olivio disse...

Heyk, na minha modesta opinião, esse é um dos melhores poemas já publicados aqui. Gostaria de tê-lo escrito. Parabéns e um abraço.

André HP disse...

"pipa metálica de calda airada reluzente"

isso saiu sinestésico.

Anônimo disse...

Poesia. Pura poesia. Muito bom. Meus cumprimentos, poeta.

tenorio disse...

Achei muito bonito a cor de algumas frases:

'a cozinha chupa brasas do poente'

'suspiramos o que arde nas máquinas'

'engrenagens de montar mares'

Não tenho a mínima ideia do que os seus poemas querem dizer!

Mas invento o que eles querem dizer para mim.

Barone disse...

Gostei muito!

Heyk disse...

Grato,
caros.

O que o poema diz fica a gosto do freguês. Esse não é um poema terminado ainda. Mas escorreu bem e foi pela metade mesmo para a tela.

Obrigado a todos pela paciência em ler nossos versos tão descompromissados.

Maria Cintia Thome Teixeira Pinto disse...

excelente..versejar muito bom, sublime e inteligencia...ab