As vezes em meio ao montinho de cobertor sinto frio.
Sem mais nem menos, um arrepio pela minha pele caminha.
Sinto medo, um medo de não voltar,
um medo de não ter mais o brincar.
E o frio continua.
Com sua espreita sombria.
Sobre mim assobia.
Sinto esvair de mim a esperança e
a vela entra na dança:
Sombra, luz, sombra, luz, sobra sombra, falta luz.
Como crescer perdendo o medo do escuro?
Como crescer e não temer mais o desconhecido,
para que aquele conhecido, vire um amigo?
Eu poderia dizer se da cama pudesse descer,
mas o cobertor me protege, me acolhe, me acalma.
Eu poderia ser como os heróis, mas por que quando choro todos eles se vão?
Mais uma vez o frio. Abusa da minha companhia, urra da minha apatia.
Eu o esqueço, fingo que o esqueço, apenas espero.
Logo o sono vira meu amigo, logo os sonhos serão meu abrigo.
Mas o frio ainda estará lá amanhã.
3 comentários:
O poeta dando voz à criança.
Gostei muito!
os mistérios de uma criança, os medos e receios. na verdade, isso vai seguir com a gente a vida toda. só mudam a intensidade, o tema, as causas, enfim, quem somos nós senão pessoas com motivação para enfrentar tudo isso?
belos versos.
Já enxergo como aquele instante antes de dormir, em que o consciente se mistura com o subconsciente e todos os tipos de pensamentos surgem. É muito bonito... e assustador!
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