e do meio para o fim
começamos a cuidar da morte
pois aprendemos cedo a temer a vida:
uma taça que se quebra.
se nenhum cristal fino
muda a qualidade do vinho
qual será a hora, Clarice
de brindarmos à mudança?
por mais tempo de esperança
onde e quando reencontraremos
aquele ser diáfano
que não queríamos perdido?
insisto no infinitivo
gerundiando o passado
e apesar do verbo ser presente
toda a história se repete.
toda palavra se engasga
na originalidade.
não há sintaxe que não seja mórbida
quando plagia a realidade.
nada do que se diz vale então a pena
que extirpada da ave
escreve sobre asas, voos
liberdade
(quem consegue ser livre, Clarice?)
somos eternos prisioneiros do mundo que tentamos mudar
só pra sentir que na vida se viveu
e do fim para o começo
mediamos a morte.
3 comentários:
De prima! Bravo!
Belíssimo, Sidney. Parabéns! Bj
mto bom!
perguntar a clarice foi genial...
bjbjbj
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