terça-feira, 11 de maio de 2010

Patriarca quebradiço

Me despeço consumiço
sorrateiro e rato
do patriarca quebradiço
com quem andei pimenta na primeira pedra de montanha
trilhei o derrapo da voçoroca
e dormi com ganso quando montei cabana
.
A ponta da sua pá que dobra
Fez barreira pra desalagar a chuva
Quebra noz de madeira
Ladeira paulistana de rolimã
Férias da manhã com mel
Palmeira de terra oca, maná
Tacho culto a sopapo, zinabre
.
Cachorro na bancada faz sermão de creolina
Foto bonita quadro e cuco
Ética de prataria
Gato machucado comendo tinta preta da oficina
.
Que me deu carro fusca
e bicicleta grande
Me ensinou responder fruta
de garfo e faca no calar de barra
Calor de tarde na calçada
da cidade velha
agradando a vizinhança velha
no portão de volante do velho
.
meu avô

.

Sorocaba/Rio, novembro de 2009/fevereiro de 2010

5 comentários:

Barone disse...

Pimenta, muito interessante o poema. Um brainstorm de lembranças?

Heyk disse...

por aí...
brigado barone!

Caio Riscado disse...

eu gosto. acho que reafirma o espaço da memória como presente.

Heyk disse...

Brigado caio. É é sim, nada disso é passado, sabe? Como se fosse outro fio que puxamos junto com os dias de hoje, que caminha ao lado. O passado é um pedação do hoje, e acho que pra todos.
abraço!

Barone disse...

Foi meu poema da semana no blog.