domingo, 9 de maio de 2010
dessas noites em que estava lavando pratos
o detergente faz espuma na pia
os pratos ficando limpos no escorredor
os pensamentos sujos quero um cigarro
uma música um blues o céu escuro
meus gatos escondidos em silêncio
duas taças de vinho quase cheias
os pés no chão e pálidos
uma janela uma luz acesa do outro lado
as garrafas de vinho abertas e vazias
leio os rótulos e penso num poema
um inseto esquisito vindo de outro lugar
voa em torno das garrafas vai até a luz e volta
o tempo não tem pressa meus olhos o seguem
os pratos vão ficando limpos
as panelas ficam pra depois
pego uma taça e dou um gole
acompanho o blues num inglês ruim
o inseto se vai e bebo mais
olho a noite escura os pratos brancos
alguém me espera no sofá
"estranho pensar no abandono de toda ambição"
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13 comentários:
[obrigatório: escutar as linhas versejas, com Charlie Parker nos ouvidos!]
um imenso abraço, Adriana
Leonardo B.
Maravilhoso desfecho DRI!
Aquele dia a dia moroso, e sua observação:
"estranho pensar no abandono de toda ambição"
Considero um presente e tanto para as mães.
Para mim, tudo que escreve é VOZ de NÓS!
Beijos
Mirze
É muito bom este poema, Adriana.
Ótima semana.
Beijos
Muito, muito bom!
É um ótimo poema, Adriana. Retrato acertado de um momento simples, cotidiano. Abraços.
relendo e adorando...gosto desses poemas de lavar a louça ao som do blues...
Adriana tem estilo próprio. Li os dois primeiros versos e pensei: "este poema é dela".
Já conhecia o poema. É mesmo lindo.
Beijo
Entre o sem fim e o sem tempo... Adrianas dentro de outras Adrianas como naquelas bonecas russas.
Beijinho.
Valeu, pessoal. Fico muito agradecida por esses comentários. Sempre é bom essse retorno. beijos.
Sempre bom...
Bravíssimo, Adriana!
isso é foda!
bjbjbj
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