Noite após noite, exaustos, lado a lado,
digerindo o dia, além das palavras
e aquém do sono, nos simplificamos,
despidos de projetos e passados,
fartos de voz e verticalidade,
contentes de ser só corpos na cama;
e o mais das vezes, antes do mergulho
na morte corriqueira e provisória
de uma dormida, nos satisfazemos
em constatar, com uma ponta de orgulho,
a cotidiana e mínima vitória:
mais uma noite a dois, um dia a menos.
E cada mundo apaga seus contornos
ao aconchego de um outro corpo morno.
Paulo Henriques Britto
4 comentários:
É como início de namoros... não basta ficar juntos, não basta uma cama, não basta o sexo. A única coisa que pode ser separado de dos amantes apaixonados é o cansaço e o sono... muito legal! O sentimento atravessa as palavras e o entendemos perfeitamente.
Wonderful poem, a beautiful piece.
Adoreiii
mto bom!
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