sábado, 3 de abril de 2010

puerícia

aviões de montar
amigos que tinham hobbies
eu não tinha nenhum
carrinhos matchbox colecionados
um que eu tinha logo soltou a roda
partido coração sem amor

primeira vez que entrei num sebo
convenci meu pai que aos dez anos
leria o homem tatuado de ray bradbury
apostei tudo naquele livro de segunda mão
li reli e vi que os livros viajam sem donos

carros e motos nunca pararam meus olhos
palavras sim me estacionavam no ar
caído que sou por coisas quase eternas
meus oito anos
casimiro usaria meninice
talvez infância
eu prefiro puerícia

ainda pergunto à minha criança interior
o que você vai ser quando crescer?
continuo procurando pistas

7 comentários:

VERA PINHEIRO disse...

Adorei, Audemir!E puerícia é uma palavra tão bela, que quase ninguém usa. "Palavras, sim, me estacionavam no ar". Idem.

Barone disse...

"carros e motos nunca pararam meus olhos
palavras sim me estacionavam no ar"

Benny Franklin disse...

Poesia de fina estampa.

Priscila Lopes disse...

Bah, que lindo isso. Esse final. É assim mesmo, é mesmo assim...

Márcia Maia disse...

'carros e motos nunca pararam meus olhos
palavras sim me estacionavam no ar
caído que sou por coisas quase eternas'. Parece eu. ;))

Adorei, Audemir.

Day disse...

Audemir, queridão!
eu amo tudo o que você escreve. E fico de longe observando.

mil beijos

Day disse...

Audemir, queridão!
eu amo tudo o que você escreve. E fico de longe observando.

mil beijos