terça-feira, 17 de novembro de 2009

Quando escrevo...

imagem: vagabundos-iluminados.blogspot.com


Sempre fui daqueles que esperei o sol descer para matraquear os dedos sobre o teclado. Bastava o sol vir laranja sobre os móveis da minha sala para que minhas inspirações chegassem, a fumaça dos meus cigarros se misturassem aos aromas dos cafés que esfriavam a meu lado, e toda minha mente fervilhasse na liberdade de simplesmente pensar.

Sento-me diante da tela luminosa, com o fulgor de um adolescente diante da primeira mulher nua diante de seus olhos. É a mesma sensação de sempre: os olhos a vagar pelo ambiente que se escurece, as fumaças todas ali, as antigas namoradas... Tudo diante dos meus olhos, a bater nos meus pensamentos da mesma forma que bato em cada tecla que meu se fulgura na minha mente.

E as idéias vêm e vão às tragadas, a goles de café frio, a pensamentos que não sei mais se são lembranças ou invenções da minha cabeça. E elas vão à tela, se formam e criam formas, outras, e outras tantas. Viram histórias, ou materializam-se simplesmente, numa tentativa de tecer em argumentos e conexões lógicas o que talvez nem eu saiba ao certo que é.

Pois tudo, dos poemas às filosofias, são sentimentos meus que, mais que os que os lêem, desconheço. Não sei de que forma produzo idéias tão deslineares, à mercê de toda a lógica que venero, que vulgarizo em meus diálogos ou noutros textos, com outras finalidades. Nem sei ao certo que papel a formulação de linhas assim tem na minha vida - se é que tem alguma função a não ser aliviar minhas infantilidades e dramas sem importância.

Só sei que preciso estar aqui, diante dessa tela, no meio da fumaça e com o café a me agredir cada vez mais. E com a sensação, ultimamente, de que as linhas têm se tornado mais difíceis, e que as páginas não têm se completado, como se eu não tivesse mais muito a dizer, apesar dessa perturbação toda...

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