sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O Tigre


E o tigre de mil bocas rolou, estilhaçando o solo.
E a cotovia cantou em algum lugar do Norte.
E a fumaça subiu enquanto assavam búfalos
E os galos fugiram do amanhecer, mudos de espanto
E Pedro negou dez, Judas beijou quarenta,
E todos os jornais negaram infinitas vezes.
E o ouro escorreu pelas mãos ávidas dos poderosos
Enquanto o tigre de mil bocas, faminto
Levantou seu dorso esquálido
E com uma só patada,
destruiu, engoliu, arrasou
E comeu
Ricos e pobres, brancos e negros, judeus e palestinos
americanos e árabes, europeus e latinos,
oriente e ocidente
oceanos e nuvens
O tigre de mil bocas digeriu o mundo
Depois dormiu cem anos esperando o Messias
.

5 comentários:

L. Rafael Nolli disse...

Helena, texto impressionante. Um texto mântrico. Gosto dessa coisa profética, desse tom. Ecoou em minha cabeça! Dos melhores que li por aqui, com certeza!

Joe_Brazuca disse...

..os tigres dominarão o planeta, sem dúvida, aliás ja estão...
salve-se quem puder...ou quiser !

excelente, forte e enigmático....

um abraço, Helena !

Barone disse...

Gostei muito do poema Helena.

Adriana Godoy disse...

Helena, um poema danado de bom! Parabéns. Beijo.

Helena disse...

Obrigada Nolli. Brazuca, Adriana e Barone.

Barone, mandei um e-mail para você com um tigre para que colocasse no meu poema. Não estou conseguindo baixar imagens, não sei o que houve. Meu micro pifou, estou invadindo um alheio mas o problema já existia no meu.

abraços,

Helena