Franco Fontana
Em solavancos vou levando a vida.
Escrevendo livros que se perdem
Em esquinas obscuras e obscenas.
Vou poetando o que é suburbano,
Subumano, sub-mundano.
Vou me pervertendo,
Convertendo-me insanamente.
Trocando olhares com prostitutas
E beijos com donzelas mais putas que as putas.
Vou bebendo o fel como se fosse mel,
Veneno diário que me sustenta.
Vou me alimentando de orgias
E fazendo cirurgias pra mudança de sexo.
Em solavancos vou levando a vida.
Escrevendo livros que se perdem
Em esquinas obscuras e obscenas.
Vou poetando o que é suburbano,
Subumano, sub-mundano.
Vou me pervertendo,
Convertendo-me insanamente.
Trocando olhares com prostitutas
E beijos com donzelas mais putas que as putas.
Vou bebendo o fel como se fosse mel,
Veneno diário que me sustenta.
Vou me alimentando de orgias
E fazendo cirurgias pra mudança de sexo.
7 comentários:
Gostei bastante desse poema e a imagem é também bastante significativa. Bj
franco,
a ideia de troca, de perversão, com um retrato mexido de mulher em ponte é joia pro poema, achei que bateubem, qual é a fonte dessa imagem?
agora, o poema é cheio do jargão do underground, né? uma coisa baudelaire, né? cheio de imagens de alcova, de sujeira da noite mesmo. cheio de lugares comuns dessa linguangem. Não me incomodou. Mas digo que nesse tema, as palavras acabam tentando ser mais fortes que o poema, igual quando a gente faz poema cheio de palavrão pra poder gritar palavrão em sarau? Sabe?
Acho que acaba virando um monte de palavra esperada num contexto desse.
O interessante é que você fala da troca de sexo no fim e que fala das donzelas mais putas que todas as putas, e tal, trás um pouco de coisa nova apesar dos já esperados ladaínhos do poema pervertido.
abração
O poema em casamento perfeito com a arte que me lembrou o suicídio de Ofélia.
Forte, fraturante e muito bom.
Abraços e boa semana.
Estou com a Adriana, e com a Mai, achei tudo muito bem casado. Essa coisa de escrever palavrão pra poder gritá-los em sarais eu não conhecia, nem consigo perceber qualquer intenção semelhante a essa nesse poema - não vi nenhuma palavra forçada, deslocada ou mal colocada no texto. Acho, pelo contrário, que o Flávio trabalhou muito bem com essa linguagem baudelariana, retomando conceitos - que podem ser antigos, mas não desgastados. Isso eu vejo e sinto sobretudo no desfecho do poema que é surpreendente e inesperado, fazendo com que o leitor retome o texto e o releia sobre uma nova ótica. Essa nova ótica, inclusive, me fez repensar no título.
Çok GÜzel Site :)
"Trocando olhares com prostitutas
E beijos com donzelas mais putas que as putas."
Intenso. Bom!
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