quarta-feira, 19 de agosto de 2009

A digestão delas não passa pelo estômago.

Em cada quina
há um espinho
E elas desviam de todos eles

De unhas tímidas
nascem seus dedos
e desejos

Experimentam-se
em outros corpos
por onde mordem a carne

Arrancam com os dentes
o que guardam
para comer mais tarde

Há sempre uma noite
em que passamos fome.


Julia Duarte.

4 comentários:

Paula disse...

lindo e intenso!

BAR DO BARDO disse...

adoro essa temática... a compulsão córnea...

parabéns, júlia!

Adriana Godoy disse...

Os últimos versos arrematam o poema de uma forma intensa. Gostei.

Hercília Fernandes disse...

"Há sempre uma noite
em que passamos fome".

Esses versos me pegaram de jeito.

Belo poema com fechamento fantástico, habita o ser do leitor.

Parabéns, Júlia!
H.F.