segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Amigo de 1985



Sei que não parece,
mas te entendo, amigo…

Entendo por que te sentes assim:
Incrédulo.

Estamos todos incrédulos...

Filhos da racionalidade,
da lógica,
da democracia,
de todas as vitórias que tiveram nossos pais,
mas que não nos trouxeram nada,
a não ser essa angústia,
essa sensação de frustração
no meio da abundância.

Senta-te aqui, amigo,
e não te sinta só.

Sei que todos os males foram vencidos,
que nossa vida é outra,

mas os pássaros não têm seus cantos mais bonitos,
e aqueles amores prometidos, nunca chegaram.

Por enquanto, senta-te aqui, a meu lado,
e contempla:

Olha essas pessoas aí, caminhando,
tocando suas vidas num matraquear de sapatos no asfalto,
numa ausência de fé,
de heróis,
de sonhos...

Sabe, amigo?
Tenho inveja dos ingênuos,

que crêem em suas besteiras,
que dão importância a suas bobagens,
mas que têm horizontes.

Por isso, parei de julgar:

Não condeno mais os loucos,
passei a tolerar imprudências,
e a desconstruir minhas visões.

Passei a ter medo dos sábios,
a desrespeitar os mais velhos,
a suspeitar dos felizes,
a desmistificar os seguros,

e também a compreender teus choros noturnos.

Porque sei que não parece,
mas te entendo, amigo…

3 comentários:

BAR DO BARDO disse...

Muitos devem se identificar com o seu texto, Diego.
Bem!

Adriana Godoy disse...

Bacana, esse sentimento de amizade é um dos mais nobres. Bonito poema.

cristinasiqueira disse...

Diego,


Voce esta na alma das ruas,dos sapatos no asfalto,no nem sei mais,e na voz do encontro...'mas te entendo amigo."
Gostei muito


Cris