sábado, 18 de julho de 2009

Eu desço na próxima

O botão laranja foi pressionado pelo meu polegar: desço na próxima parada.

Pois veio-me, manso, um bruxismo habitual. O mundo sensível foi ignorado pra que eu enxergasse os olhos sérios dela, que raramente me encaram. Olhos mornos e esquivos, precisos quando desejam ser fatais. O segredo de seu poder era o mistério; as pálpebras, quais véus orientais, não desnudavam aquele azul hachurado de preto, com manchas amarelas. Eram cílios castos, muito pudicos.

Perdi o ponto. O laranja foi novamente pressionado - ô vida:

Distraír-se é concentrar-se na coisa errada.

8 comentários:

Renata de Aragão Lopes disse...

[Dis]trair-se é concentrar-se na coisa errada.

Gostei, Victor!

L. Rafael Nolli disse...

E sempre há uma próxima parada! Gostei, sobretudo da passagem sobre o "mistério"...! Muiti bom, meu camarada!

L. Rafael Nolli disse...

E sempre há uma próxima parada! Gostei, sobretudo da passagem sobre o "mistério"...! Muiti bom, meu camarada!

Sidnei Olivio disse...

Muito boa essa prosa poética. E um verso remate incrível. Abraço.

BAR DO BARDO disse...

Belo "flash" da ausência preenchida.

Adriana Godoy disse...

Muito bom...gostei muito dessa prosa.

tenório disse...

Cara, foi mais do que muito bom. Pra mim, foi genial. A poesia na prosa do Victor é deslumbrante. E a frase final? Um achado. Raridade.

henrique.smith_jiró! disse...

Me atingiu como livro em meio de página, daqueles discursos que devem morrer em um só fôlego.

Tenso! Foda!