domingo, 19 de julho de 2009

do nunca

Eu era a solitária errante
Fitava num céu inventado
miríades de estrelas impossíveis
Despejei-me fluida
sobre tuas areias ainda quentes
do escaldante sol anterior

Eu, acreditava,ao rápido contato
desfazer-me e pairar intacta ,
ainda que perdida a forma,
em algum ponto da atmosfera
entre os azulados astros fugidios
e a natureza imperscrutável
da tua itinerante geografia.

Mas diluída em esperança
germinei sonhos
e um oásis floresceu em teu deserto

Labirinto de delícias que refreia
meu ímpeto vivificador de caminhar

Escara que te descaracteriza
e impede o costumeiro movimentar

E em confronto velado estamos a lutar

O teu deserto a invadir meu oásis
O meu oásis a ferir o teu deserto

A paga do Amor é perecer
em cada respiro do oásis
que a tua aridez sufocar

É agonizar duas vezes
ao ver você me matar

É errar
viva por fora
e erma em qualquer lugar

Iriene Borges