terça-feira, 16 de junho de 2009

FURTO

Em palavras outras,

em olhares outros,

eu me abafo.

Abafo o que sinto,

abafo meu choro,

um choro seco.

Me digo mentiras

que tudo passou,

que o que ficou se esqueceu,

não marcou, não senti.

Mas foi de mim que não lembrei.

Que a vida, pode ser difícil

prá quem tem medo de encarar.

Também não é muito fácil, na vida,

sair debaixo de chuva

sem medo de se gripar,

beber no gargalo da morte

sem grilo de se danar.

Correr entre os carros,

escapar dos escarros,

escorregar e não cair

equilibrar-se sem sentir.

Andar e andar,

correr e não cansar,

beber e não se embebedar.

Mas como beber de teus lábios o beijo

e não querê-lo mais?

Não se viciar? Não pegar?

Não tentar? Não te amar?

Dentro de mim um fogo,

mais longe que perto,

fora que dentro.

Que viveu.

Portanto,

marcou os caminhos

entre loucuras sonhadas,

que ficaram em pedaços,

que uniram em mim

os já tão separados

estilhaços de meu coração,

que queria

e acabou querendo.


TON

Um comentário:

Adriana Godoy disse...

Furtar ou querer enganar o que está ali na nossa frente é algo complicado. Um belo poema sobre um amor terminado que não terminou. Abraço.