A morte me assombra o sono
Deveras, ainda vivo em sonho.
No peito entreaberto
Mal cabe o coração palpitante.
A alma, em frangalhos,
Se vê partida por mil adagas
E, em desespero,
choro em um quarto escuro.
Pobre poeta!
Por que te envenenas em versos?
Quais os objetos de suas conjecturas?
Que olhos? Que boca? Que sorrisos?
Há na distância das noites estelares
O brilho que se apaga nas horas escuras?
Há na ausência que lhe move
O tato a tocar de leve em nuvens?
Pobre poeta!
Por que não mergulhas no Ganges,
No Sena, no Reno, no Tietê, no Piracicaba?
Se joga do alto da ponte
Submerge nas águas turvas
E some, consome esses versos
Leva embora estes sonhos que te sufocam.
Por que se perder em amores vãos
Se tens mais a viver para ti?
Exorciza em teu pobre peito
O que o tempo, inexpressivo,
Não pode apagar.
Arranca-lhe o coração
E joga às aves de rapina
Que te espreitam ao longe.
Pobre poeta!
Escolhestes o lado errado da estrada!
Escolhestes o pior dos desertos!
Enquanto buscares na poesia o teu consolo
Terás apenas o desfavor dos versos
Que se amontoam em escombros.
Ruínas que se erguem vertiginosamente
Em teu peito enfurecido.
Logrará, contigo, pobre destino
E, talvez, um dia, tuas próprias mãos
Consigam limpar o sangue
Que jorra em torrentes
Nestas pautas encardidas.
Deveras, ainda vivo em sonho.
No peito entreaberto
Mal cabe o coração palpitante.
A alma, em frangalhos,
Se vê partida por mil adagas
E, em desespero,
choro em um quarto escuro.
Pobre poeta!
Por que te envenenas em versos?
Quais os objetos de suas conjecturas?
Que olhos? Que boca? Que sorrisos?
Há na distância das noites estelares
O brilho que se apaga nas horas escuras?
Há na ausência que lhe move
O tato a tocar de leve em nuvens?
Pobre poeta!
Por que não mergulhas no Ganges,
No Sena, no Reno, no Tietê, no Piracicaba?
Se joga do alto da ponte
Submerge nas águas turvas
E some, consome esses versos
Leva embora estes sonhos que te sufocam.
Por que se perder em amores vãos
Se tens mais a viver para ti?
Exorciza em teu pobre peito
O que o tempo, inexpressivo,
Não pode apagar.
Arranca-lhe o coração
E joga às aves de rapina
Que te espreitam ao longe.
Pobre poeta!
Escolhestes o lado errado da estrada!
Escolhestes o pior dos desertos!
Enquanto buscares na poesia o teu consolo
Terás apenas o desfavor dos versos
Que se amontoam em escombros.
Ruínas que se erguem vertiginosamente
Em teu peito enfurecido.
Logrará, contigo, pobre destino
E, talvez, um dia, tuas próprias mãos
Consigam limpar o sangue
Que jorra em torrentes
Nestas pautas encardidas.
11 comentários:
Flavio, poema narrativo e me fez lembrar o Pater Noster do Jaques Prévert. Talvez, porque seja bem-humorado e sirva pra quebrar;) Por que? Pra que por que?
Mas lá vai um trechinho
Pai nosso que estais no céu
Permanecei lá
que nós ficaremos pela terra
Que é algumas vezes tão bela
Com os mistério de Nova Iorque...e por aí vai;)
Nem todos os poetas se desesperam;))
corrigindo: mistérios de Nova Iorque.
Muito bom! De prima.
É um prazer vir aqui e curtir suas poesias que nos faz refletir após leitura. Excelente mesmo.
Abraço meu amigo.
J. Araújo
Nossa, Otávio, não teve dó desses poetas...!
Poetas são emocionais, se inspiram na dor e também na alegria. Fernando Pessoa disse que "o Poeta é um fingidor, finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente".
Belo poema Flávio
Achei este blog pelo twitter - o meu é http://twitter.com/leoschabbach - e achei fantástico. Gostei muito dessa poesia, do ritmo dela, e gostei ainda mais do projeto, muito interessante mesmo, vocês estão de parabéns. Vou até colocar um link para esse blog aqui lá no meu. Parabéns!
O poema tem a densidade dos poetas...
Que belo!
Graaaaaaaande!
Valeu pessoal pelso comentários! E, obrigado por apreciarem mais este texto!
Abraços.
Paz e Poesia!
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